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Vereador de Sorocaba diz que é ‘normal’ mulher ser assassinada em discussão de projeto que leva nome de Marielle Franco

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O vereador de Sorocaba (SP) Cícero João (PSD) afirmou, nesta quinta-feira (16), que assassinato de mulher é “normal”. O parlamentar fez o comentário no momento em que era discutido um projeto de lei que leva o nome da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, no Rio de Janeiro.

Durante a fala, Cícero mencionou: “[…] quando vossa excelência fala de uma vereadora negra, uma vereadora LGBT, eu não tenho nada contra a nenhum vereador que raça, cor ou segmento que ele seja. Pode ser LGBT, pode ser o que for. Ele foi eleito pelo voto, tem o mesmo poder de voto do que eu. Não me interessa a forma que ele foi eleito”.

Após isso, a vereadora Iara Bernardi (PT) interrompeu a fala e disse que Marielle foi assassinada. Em seguida, Cícero responde: “Todo dia são assassinadas mulheres brancas, mulheres negras, normal.” Iara Bernardi (PT) questiona. “Normal?”

A justificativa do vereador, na sequência, foi a seguinte: “Dentro da normalidade de ser assassinada. Agora, foi assassinada, não temos que distinguir uma pessoa, que é exatamente aquela pessoa, foi por isso, por isso e por aquilo.”

g1 entrou em contato com Cícero João para pedir um posicionamento sobre o caso, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Projeto rejeitado

O projeto de lei tinha como objeto instituir o “Dia Marielle Franco de combate à violência política no município”. Foi rejeitado pelos parlamentares, por 10 votos a nove. “O nosso projeto serve a todas as pessoas que são atacadas, perseguidas e até mesmo vítimas de violência física, pelos seus posicionamentos”, afirma Fernanda Garcia (Psol).

“Marielle foi vítima de uma violência extrema, organizada executada por criminosos profissionais, mas antes de ser uma vítima fatal da violência política, Marielle também foi alvo da violência dentro do parlamento, onde assim como nós, era vítima de tentativas de cerceamento e hostilidades, sobretudo pela sua condição de gênero, raça e orientação sexual. Batizar este projeto com o nome de Marielle é simbólico, pois ela representava 46.502 votos que também tentaram ser silenciadas pelos criminosos”, justifica.

Machismo na Câmara

Durante a sessão, o projeto que levava o nome da vereadora Marielle Franco dominou os debates. No meio do tema, houve muita fala relacionada ao machismo. O vereador Péricles Régis (Podemos) usou a palavra para tratar da questão e defender a bancada feminina. O parlamentar afirmou presenciar, em inúmeras vezes, certo menosprezo com relação às parlamentares da Casa.

“Já me pronunciei sobre isso outras vezes no plenário. Tenho um grande respeito por todos os vereadores, pois foram eleitos legitimamente assim como as vereadoras, que são minoria em um ambiente praticamente dominado pelos homens. Independe de ideologia política, é importante que, assim como os outros, elas tenham assegurado seu direito de fala sem ser interrompidas, o que vem ocorrendo frequentemente. Política é um espaço de diálogo e respeito, independentemente de gênero”, afirma.

A vereadora Iara Bernardi também afirmou ser vítima de machismo na Câmara. Ela alega que, durante a sessão em homenagem ao Dia da Mulher, na semana passada, a maior parte dos vereadores saiu do plenário quando a sessão estava sendo conduzida por parlamentares mulheres. Ainda conforme ela, esses vereadores só retornaram quando os trabalhos voltaram a ser conduzidos por homens.

Ainda durante a sessão, o vereador Fernando Dini (MDB) afirmou na tribuna que havia homens que defendiam as mulheres publicamente, mas que espancavam suas esposas em casa. Fernanda Garcia, então, afirmou que se o parlamentar soubesse de casos de violência doméstica, teria de denunciar.

A Câmara de Sorocaba também não se manifestou sobre toda a polêmica.

10% de mulheres

A Câmara de Sorocaba tem 20 cadeiras. Dessas, apenas duas são ocupadas por mulheres, sendo Iara Bernardi (PT) e Fernanda Garcia (Psol).

Com as informações do G1

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